Leopoldina & Popota, uma aventura no mundo do marketing.
Com o aproximar da época natalícia, bombardeamentos de
anúncios televisivos começam, e as vedetas nacionais, Popota e Leopoldina
iniciam a manobra de encantamento juvenil. Mas porém, com o passar dos anos, algumas diferenças tem passado
á vista de todos, ambas se apresentam visualmente mais magras e sensuais.
- Porquê? – Pergunto eu.
Acho que se chama marketing. Passo a explicar – o ponto-chave do marketing passa pela
identificação de alvos, alvos esses que no início da criação das personagens se
centravam num público, neste caso, infantil.
Seguindo o pensamento de um marketeer, a estratégia passa
por alargar o público, fazendo chegar a campanha a um público já adolescente,
público esse já mais astuto e difícil de agradar, logo os anúncios terão de ser
extremamente apelativos.
Sendo a adolescência uma época ligeiramente mais conturbada que a infância, com extremo interesse sobre a descoberta do nosso próprio corpo e dos que nos rodeiam, e passando ainda por começarmos a delinear os nossos gostos pessoais, a campanha terá um ênfase na música mais moderna e com ritmos mais quentes e dançáveis e as suas protagonistas serão, á luz dos adolescentes, muito mais bonitas, mais femininas, ultra arranjadas, com cores apelativas e essencialmente, mais magras, cultivando o culto estereotipado de que magreza é beleza.
Prematuramente estes jovens são incubados num mundo em que se não forem iguais às suas personagens, os seus ídolos, não são suficientemente “fixes”, tentando ao máximo atingir uma linha escultural que não será própria para estas idades.
Para além disto, esta alusão a um certo tipo de beleza, promove cada vez mais cedo, problemas como o bulling, a bulimia ou a anorexia.
E é com este processo de segmentação de mercado, em que um
produto tem de servir as necessidades de determinado público-alvo,
pré-determinado e definido, tendo em conta gostos semelhantes que se encontra o
cerne do marketing.
Contribuindo assim para um fetichismo de mercadorias que,
segundo Marx, é um processo em que o objecto natural adquire diferentes
simbolismos como “subtileza metafísica e estravagâncias teológicas” quando é
trabalhado pelo homem. Esta matéria ao ser transformada em mercadoria passa a
ser uma “coisa sensivelmente sobre-sensível” carregada de misticismo que, advém
das formas sociais que a matéria adquire ao ser formatada por homens para
outros homens, uma concretização do trabalho, atribuindo ao objecto uma
autonomia e uma vivência exterior a uma mercadoria.
Leopoldina em 2008 e em 2009.