domingo, 20 de janeiro de 2013

A LÓGICA DA AVALIAÇÃO CRITICA AS QUESTÔES Para alguns críticos de arte, a tarefa da critica consiste em descrever e interpretar as Obras de arte, de modo a estimular o nosso interesse em relação a elas, aumentar a nossa Familiaridade e ajudar assim a nossa compreensão. Do ponto de vista de uma teoria Simbólica a arte, a maior parte dos problemas implicados nesta actividade podem ser Reconduzidos aos problemas respeitantes à representação, exemplificação, metáfora, Expressão, alusão e estilo. Outros críticos consideram que além desta tarefa devem Formular apreciações avaliativas e comparativas, onde avaliar é estabelecer a escala ou Hierarquia das obras de arte entre si, empregando critérios explícitos para decidir se Uma obra é superior a outra. Os critérios de artes plásticas quando Seleccionam as obras não se limitam a dizer se são boas ou más. Apresentam razões Para os seus juízos de valor. Apresentam uma razão para avaliar em crítica de arte Consiste em referir algumas características da obra como suporte para avaliação, Isto é, como evidência de que a avaliação é correcta, de tal forma que ao aceitar-se a razão tem de aceitar a avaliação. A forma elementar de um juízo de valor é “ A obra de Arte X é boa porque….” E a seguir ao porque é a razão para avaliação. Algumas vezes As razões são boas e oferecem um suporte para um juízo de valor, outras vezes não. Põe- Se então dois problemas: 1º O problema de dizer se uma obra de arte é boa ou má e porque razão; 2º O problema de dizer porque é que as razões são boas ou relevantes.

sábado, 19 de janeiro de 2013



Comunista até enriqueceres. Feminista até te casares. Ateísta até o teu avião começar a cair.


Na cultura, quem dita o que é bom ou o que é mau são, desde algum tempo, as massas. O que agrada à maioria, o dito comercial, é aquilo que é considerado bom e se projeta melhor no mercado, seja no cinema, na música, na literatura ou na arte.
 Neste caso, não quero dizer necessariamente, que o facto de uma pessoa se considerar comunista, feminista ou ateísta dependa de modas. Não pretendo fazer generalizações, mas assim que me cruzei com esta imagem na internet, surgiram em mim vários pensamentos e, comecei a me aperceber que hoje em dia, a maior parte das pessoas da minha idade (ou não) parece ser muito inclinada para a defesa destas três posições.
Dá-me a sensação que, na sociedade actual, para além de modas de vestuário, gosto musical e afins, existe modas no que toca a formas de pensar. Um fenómeno que se vai observando cada vez mais; defender algo porque alguém que nos é próximo ou alguém que admiramos também defende e, a maior parte das vezes, sem ter a mínima noção do que é que implica defender essa ideia, quais são os seus princípios.
Esta frase, repleta de ironia, também me leva a concluir que as pessoas não se informam o suficiente sobre os assuntos. Ou seja, como já referi, escolhem seguir determinados caminhos e defender determinadas ideias por causa de modas e, como é de esperar, não tomam o papel que é esperado de alguém que decide fazer parte de um grupo que sustenta uma ideologia. Assim, logo que se virem forçados a acreditar noutra coisa contrária ao que inicialmente diziam defender, negarão com facilidade, e hipocrisia, o facto de já terem sido comunistas, ateístas, feministas ou outra coisa qualquer.
Enfim, as modas atingem todos os campos, até o do pensamento e, por muito que uma pessoa acredite em algo e participe das suas causas, restará sempre a dúvida se é realmente verdadeiro.

"Isto é tão FBAUL!"


A olhar para um cartaz que anuncia um evento que no calendário se marca próximo ou, muitas vezes, ao parar de frente para trabalhos de alunos do 3º ano do Curso de Design de Comunicação, solto, ou soltamos, um comentário que diz “Isto é tão FBAUL!”.
Identificamos de forma clara uma linguagem gráfica nos objetos produzidos dentro da nossa faculdade. Talvez isto seja uma coisa nossa, alunos de Design de Comunicação, que somos treinados, ensinados ou influenciados a, de forma inconsciente, olhar para um cartaz e ver a forma antes do conteúdo, a olhar para uma publicação e ver a grelha invisível antes de ler o texto ou a tentar perceber qual o tipo de letra utilizado antes de descodificar o que com aqueles símbolos se escreve. Reconhecemos o valor, a força e a expressão gráfica do que nesta faculdade se faz e, como é natural, tomamos estes objetos como modelo.  Vimos aqui todos os dias para aprender a fazer estas coisas e deixamo-nos facilmente fascinar pela ideia de olharmos assim para o nosso próprio trabalho. Porque estas coisas são boas, são realmente boas e, no fim deste percurso, queremos ser bons o suficiente para fazer objetos assim.
Ainda que haja uma distinção entre os alunos que assumem esta linguagem e os que tentam evitá-la tanto como podem por não quererem deixar que a sua expressão própria seja engolida pela expressão desta instituição, todos nos deixamos alienar. Neste sentido, há muitas vezes uma verdadeira anulação da personalidade, ou da expressão individual de alguns de nós, que acabamos escravizados por qualquer coisa de que gostamos, a que reconhecemos valor e que temos por modelo. A verdade é que queremos aquilo para nós e por isso deixamo-nos levar, trocamos a possibilidade de apresentar o inesperado pela certeza de que o que apresentamos é bom, é forte, é aceite por todos, é compreendido e desejado.
Deixamo-nos alienar pela linguagem que é de todos e corremos o risco de ver trocado o nosso nome próprio por um nome colectivo. Perdemos a oportunidade de ter alguém a parar em frente ao nosso trabalho e dizer “Isto é tão Fernando!”, ou Carmo ou Daniela para ouvirmos um “Isto é tão FBAUL!”. Neste ponto, deixámo-nos afogar numa unicidade que não é nossa e que, na verdade, nunca será. Porque é de um grupo de pessoas que continua a crescer. Neste ponto, nós somos desse grupo de pessoas, eu sou de todos. Deixei de ser eu, para passar a ser todos.




sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A Alienação intemporal




No início do filme "Os Tempos Modernos" de Sir Charles Spencer, protagonista da personagem icónica Charlie Chaplin, é feita uma critica onde se pode inserir o conceito de alienação de Karl Marx.
Neste caso trata-se se uma sequência de imagens onde é possível ver todos os trabalhadores a chegarem ao trabalho sem olharem ao que está à sua volta.
Para além do início do trabalho podemos constatar que sendo um trabalho mecânico, cada trabalhador repete o mesmo movimento durante o seu dia de trabalho,  acabando por fazer sempre o mesmo.
Este filme é um retrato da epoca, mas que ainda é bastante actual.
Assim o conceito de alienação encaixa muito bem neste filme principalmente nestes primeiros dez minutos.
“Estar alienado é estar separado da sua própria essência ou natureza; é ser forçado a levar uma vida na qual aquela natureza não tem oportunidade de ser cumprida ou posta em acto. Desta forma, a experiência da alienação envolve um sentido de falta de valor próprio e uma ausência de sentido da sua própria vida.” Wood, op. cit., p. 180.
Este excerto transmite de forma resumida o que Karl Marx veio defender e escolhi este filme porque Charles Spencer  representa por imagens a teoria de Marx. Apesar de ter presente uma personagem cómica, não deixa de caracterizar de forma crua o conceito de alienação.
Ambos fazem uma comparação ou uma aproximação da perda de valor da vida de cada indivíduo através do trabalho e da produção em massa. Segundo Marx, quanto mais o operário produz, menos ele custa para a economia e consequentemente mais ele se desvaloriza, chegando ao ponto de se tornar uma mercadoria e uma peça do capitalismo.
Quanto mais o operário produzir, mais ele valoriza o mundo das coisas e desvaloriza o mundo dos homens, torna-se cada vez mais pobre quanto mais ele produzir.
O próprio processo do acto do trabalho afasta-nos de nós, pois primeiro recebemos o trabalho e só depois de o produzir é que recebemos o meio de subsistência (até é estranho ser de outra forma), sendo que primeiro somos trabalhadores/operários e só depois é que somos uma pessoa, tornando-nos escravos do trabalho.
Após estes acontecimentos deixamos de ter a capacidade de nos afirmar e deixamos de ser indivíduos, passando a ser massas e caminhando para a infelicidade.
O homem para se sentir vivo tem de desempenhar as suas "funções" animais, assim quando o homem passa apenas a desempenhar as funções de sobrevivência "moderna"(possuir dinheiro trabalhando), perdendo-se, apagando-se, e alienando-se.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Idiossincrasias do acordo ortográfico

Há demasiado tempo que são esgrimidos argumentos sobre o mais recente acordo ortográfico de língua portuguesa, também conhecido como AO90. Desde o início, identificam-se mais detratores que apoiantes a expressar considerações sobre regras, aprovação e implementação do AO90. Entre outros, colunistas, jornalistas, linguistas e políticos reuniram e publicaram, nos mais diferentes títulos, carateres alinhados sob as regras do anterior acordo, sem cedências à nova proposta gramatical. Apaixonados, dramáticos, emocionais, entusiásticos, exaltados, excessivos, facciosos, ponderados, redutores, romanescos, mais e menos honestos, o ideário passou por ponderações de maior e menor interesse, mas, de todas - apologistas e detratores -, nenhuma invocou as reflexões de Ferdinand de Saussure.
O pragmatismo de algumas análises contidas na obra, póstuma, «Curso de Linguística Geral», sobre a «Natureza do signo linguístico» e a forma como a análise a que denomina «Imutabilidade do Signo» se adapta às vicissitudes de implementação do AO90 são desarmantes:


«Se, frente à ideia que representa, o significante manifesta-se como objeto de livre escolha, em comparação, relativamente à comunidade linguística que o emprega, ele não é livre mas imposto. A massa social não é consultada, e o significante escolhido pela língua não poderia ser substituído por qualquer outro. [...]
Não só um indivíduo seria incapaz, se o quisesse, de modificar no que quer que fosse a escolha que foi feita, mas a própria comunidade não pode exercer a sua soberania sobre uma só palavra: ela está ligada à língua tal como é. [...]
Em qualquer época, e por muito que recuemos, a língua aparece como uma herança duma geração precedente. O ato pelo qual, num dado momento, os nomes foram distribuídos pelas coisas, e que estabelecem o contrato entre os conceitos e as imagens acústicas - esse ato, podemos imaginá-lo, mas nunca foi verificado. [...]
De facto, nenhuma sociedade conhece nem nunca conheceu a língua senão como produto herdado das gerações anteriores que se deve receber e manter intacto. [...]
A língua é, de todas as instituições sociais, a que oferece menor margem às iniciativas. Ela incorpora a vida da comunidade, e esta, naturalmente inerte, aparece antes de mais como um fator de conservação.»
(Saussure, Ferdinand, (1916/1999), O Curso de Linguística Geral. Lisboa: Dom Quixote, p. 129, 130, 133)


Tais argumentos delimitam a controvérsia em novo enquadramento, tentando possível esclarecimento dos motivos disruptivos enunciados.
A dado momento da obra, existe ponto em que a análise promove a procura da depuração da argumentação à sua essência:

«Ainda que a comunidade fosse mais consciente, não a saberia pôr em discussão. Para que uma coisa seja posta em questão é preciso que assente numa norma racional.»
(Saussure, Ferdinand, (1916/1999), O Curso de Linguística Geral. Lisboa: Dom Quixote, p. 132)


Em todo o caso, é privilegiado ponto em que a análise é decisiva:

«O tempo, que assegura a continuidade da língua, tem um outro efeito, à primeira vista contraditório em relação ao primeiro: o de alterar mais ou menos rapidamente os signos linguísticos, e, num certo sentido, podemos falar ao mesmo tempo de imutabilidade e da mutabilidade do signo.»
(Saussure, Ferdinand, (1916/1999), O Curso de Linguística Geral. Lisboa: Dom Quixote, p. 134)


Seja mais ou menos abrupta, segundo Saussure, a língua - por arraste os seus signos - sofre sempre mutabilidade, ainda que a imutabilidade seja norma. Talvez esse motivo tenha estado na origem de o presente texto tentar seguir as regras do novo acordo ortográfico.

"6 msgs. novas"



As tecnologias de informação e comunicação marcam a cada dia uma maior presença no mundo. Por isso, estamos tão dependentes delas, tanto a nível privado como laboral, de tal modo que é impensável sair de casa sem o telemóvel, por exemplo. Hoje em dia o telemóvel é visto não só como um objecto de comunicação, mas também como um objecto de imagem ou de representação de pertença a um determinado status social. 
As marcas mais sofisticadas e modelos mais avançados ou modelos topo da gama estão na posse dos grupos sociais de maiores posses económicas, porque esses telemóveis são os mais caros. É necessário referir também que essas mesmas classes sociais mais elevadas fazem questão de possuir esses modelos mais caros para mostrar perante a sociedade o seu poder económico e grupo social a que pertencem.








A maior vantagem do telemóvel, quer a nível pessoal quer a nível profissional, é a de tornar as pessoas sempre contactáveis. Quanto às desvantagens deste aparelho, a maior é, sem sombra de dúvidas, o afastamento do contacto físico entre o ser humano, destruindo relações interpessoais e o diálogo entre as famílias. Cada vez se conversa menos “olhos nos olhos”, se brinca menos ao ar livre e em família. O homem, dependente deste objecto entra num estado de alienação. Todo o tempo que antes de passava com os amigos/família, foi substituído por uma cadeia de mensagens de texto que rondam assuntos superficiais. As pessoas já nem sentem a necessidade de sair à rua, porque para pôr a conversa em dia bastam alguns "cliques" no teclado para o diálogo se iniciar. 


Considero que esta realidade, preocupante, que define a sociedade em que vivemos, poderá descarrilar se não for nossa intenção o contrário. O homem deveria tomar consciência desta situação, e se o é, seria sábio da sua parte desprender-se deste vício telefónico que o infecta.