segunda-feira, 10 de junho de 2013

O Harém Ocidental

No Oriente, as raparigas nascem e são criadas em haréns. No Ocidente as raparigas nascem e crescem em casas da sua família. No Oriente as mulheres saem de casa quando um homem interessado negoceia o casamento com família da rapariga. No Ocidente a rapariga é livre de sair de casa dos pais, para estudar, trabalhar ou namorar sem casar.



No Ocidente, os homens sonham com o seu harém onde teriam ao seu dispor inúmeras mulheres virgens, no qual o festim orgástico seria pão nosso de cada dia. E, mais importante, sonham com a passividade sexual da mulher, sexo sem qualquer resistência. As mulheres estão ao dispor de todas as suas necessidades e fantasias. As imagens deste harém idealizado por ocidentais chegam de Mestres da Pintura como Ingres, Matisse, Delacroix e Picasso,  de filmes de Hollywood e através de fetiches pornográficos via internet. Todas estas imagens são moralmente aceites, moralmente banais, e socialmente reais.

Em Marrocos, por exemplo,  a roupa é feita à medida para as mulheres, nos armazéns pronto-a-vestir ocidentais, as mulheres são classificadas a números institucionais que funcionam como padrão de beleza. O poder ocidental reside em ditar o que uma mulher deve vestir e o aspecto que deve ter fazendo acreditar que a mulher tem o poder de decidir como, quando e o que vestir mas, na verdade, estão a ser controladas pelo assunto mais de ordem masculina do que feminina. Para além dos compromissos profissionais, a mulher ocidental acrescenta a dura batalha da “beleza”, esta que tem vindo a ser cada vez mais rigorosa, “quanto mais perto do poder as mulheres chegam, maiores se tornam as exigências do sacrifício e preocupação com o físico”(Wolf, 1991).

A mulher ocidental deverá ter consciência que envelhece e, ao contrário dos homens, a mulher não é como o Vinho do Porto. Com a idade, torna-se desinteressante sexualmente aos olhos da sociedade. Para isso a publicidade tem sempre a solução: por dia são dedicados metade dos anúncios publicitários à mulher ou como a mulher deve ser ou fazer para não se tornar desinteressante. Estudos realizados no Reino Unido (Janeiro 2004) mostram que 87% das raparigas entrevistadas se sentem infelizes com o seu corpo (dados Dove).

Será que somos tão diferentes das mulheres orientais? Será que somos livres e independentes? Estamos preparadas para assumir que temos mais semelhanças do que pensamos com o Harém Oriental?

Como mulheres ocidentais nascemos com a ideologia da beleza criada, na minha opinião, pelo sistema capitalista onde o tamanho S ou M da Zara é uma restrição pior do que o véu muçulmano. Ao contrário da mulher muçulmana que pode retirar o véu mudando de espaço, a mulher ocidental vive com um véu cravado no corpo, este que carrega o fardo da beleza.
Porém, problema surge quando não existe consciência que o fardo da beleza existe. A mulher muçulmana nasce destinada a viver com o véu, porém, está certa do seu papel naquela sociedade, tem consciência da prisão que a sociedade lhe reserva. Contudo a mulher do Ocidente vive num paraíso artificial de liberdade, de total emancipação, está repleta de falsa independência.

Nós, ocidentais, vivemos com uma venda que nos cega, essa que nos dá a sensação de liberdade. Nascemos e crescemos com um véu cravado, um véu invisível, psicológico bem mais complicado de eliminar pois não temos a noção que o transportamos. Vivemos também num harém,  ao contrário do harém Oriental que é físico, o nosso harém é psicológico e emocional e, mais uma vez, não reflectimos sobre a sua existência. Para acabar com essa venda teremos de perceber que não existem muitas diferenças entre o Oriente e o Ocidente. Que não existe o povo superior e desenvolvimento versus o povo inferior e atrasado. Somos todos seres à procura da real liberdade e, na minha opinião, a mulher ocidental está atrasada em relação à oriental pois, como disse, não tem consciência da verdadeira realidade.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.