domingo, 13 de janeiro de 2013

Domingos em família.

O hábito aparentemente comum à maioria das famílias, referindo aqui as portuguesas, de “reservar” o domingo para reunir a família e preservar os valores familiares - a união, as refeições prolongadas e abastadas e mesmo reunir parentes com quem não se está desde há muito –, observa-se actualmente como estando a ser corrompido pelos hábitos consumistas cada vez mais entranhados na sociedade.
Agora aquilo que melhor conseguimos observar destes domingos são grandes superfícies comerciais repletas das famílias a passar o seu “tempo de qualidade”, a passear por lojas abafadas, a experimentar roupa a roupa desarrumada das prateleiras, depois de outras tantas mãos já lhe terem mexido... Mesmo que se fale na redução do consumo, de que apesar de os centros comerciais estarem cheios, terem “horas de ponta” e a afluência às lojas ser muita, apenas se observa e aproveita o espaço, a verdade é que passar várias horas num espaço dedicado ao consumo, com tanta oferta e com os desejos cada vez mais crescentes de adquirir certos produtos, influencia sempre que se compre, nem que seja uma garrafa de água ou os legumes que faltam para o jantar.

Será uma questão de uma falta de proximidade progressiva entre as famílias, a diminuição da vontade de estar em contacto, que leve tantas pessoas a querer passar um dia (que muitas vezes é o único dia da semana em que se pode descansar) num local fechado repleto de outras famílias na mesma situação? Parece estranho que se ache agradável passar tempo com a família a ver montras de lojas. Naturalmente, surge a questão: será que o valor dos objectos já ultrapassou a importância das relações pessoais?

A ida às compras começa a ser um ritual. A família chega toda junta, à entrada cada um segue para a área onde estão as lojas com mais interesse e combina-se uma hora de encontro para o regresso a casa. Mais que isso, o culto do centro comercial já o eleva a um local “a visitar”, tal e qual como um monumento nacional. Hoje em dia, é normal reagir-se ao anúncio de um novo espaço comercial com a vontade de conhecê-lo porque nunca se esteve lá, apesar de ter exactamente os mesmos produtos que todos os outros, disponíveis da mesma forma. A nova forma de viajar em família e conhecer o país é saber como é o centro comercial local, o número de lojas que tem e quantos restaurantes tem a mais que o do sítio onde se vive.


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