sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A Alienação intemporal




No início do filme "Os Tempos Modernos" de Sir Charles Spencer, protagonista da personagem icónica Charlie Chaplin, é feita uma critica onde se pode inserir o conceito de alienação de Karl Marx.
Neste caso trata-se se uma sequência de imagens onde é possível ver todos os trabalhadores a chegarem ao trabalho sem olharem ao que está à sua volta.
Para além do início do trabalho podemos constatar que sendo um trabalho mecânico, cada trabalhador repete o mesmo movimento durante o seu dia de trabalho,  acabando por fazer sempre o mesmo.
Este filme é um retrato da epoca, mas que ainda é bastante actual.
Assim o conceito de alienação encaixa muito bem neste filme principalmente nestes primeiros dez minutos.
“Estar alienado é estar separado da sua própria essência ou natureza; é ser forçado a levar uma vida na qual aquela natureza não tem oportunidade de ser cumprida ou posta em acto. Desta forma, a experiência da alienação envolve um sentido de falta de valor próprio e uma ausência de sentido da sua própria vida.” Wood, op. cit., p. 180.
Este excerto transmite de forma resumida o que Karl Marx veio defender e escolhi este filme porque Charles Spencer  representa por imagens a teoria de Marx. Apesar de ter presente uma personagem cómica, não deixa de caracterizar de forma crua o conceito de alienação.
Ambos fazem uma comparação ou uma aproximação da perda de valor da vida de cada indivíduo através do trabalho e da produção em massa. Segundo Marx, quanto mais o operário produz, menos ele custa para a economia e consequentemente mais ele se desvaloriza, chegando ao ponto de se tornar uma mercadoria e uma peça do capitalismo.
Quanto mais o operário produzir, mais ele valoriza o mundo das coisas e desvaloriza o mundo dos homens, torna-se cada vez mais pobre quanto mais ele produzir.
O próprio processo do acto do trabalho afasta-nos de nós, pois primeiro recebemos o trabalho e só depois de o produzir é que recebemos o meio de subsistência (até é estranho ser de outra forma), sendo que primeiro somos trabalhadores/operários e só depois é que somos uma pessoa, tornando-nos escravos do trabalho.
Após estes acontecimentos deixamos de ter a capacidade de nos afirmar e deixamos de ser indivíduos, passando a ser massas e caminhando para a infelicidade.
O homem para se sentir vivo tem de desempenhar as suas "funções" animais, assim quando o homem passa apenas a desempenhar as funções de sobrevivência "moderna"(possuir dinheiro trabalhando), perdendo-se, apagando-se, e alienando-se.

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