sábado, 19 de janeiro de 2013

"Isto é tão FBAUL!"


A olhar para um cartaz que anuncia um evento que no calendário se marca próximo ou, muitas vezes, ao parar de frente para trabalhos de alunos do 3º ano do Curso de Design de Comunicação, solto, ou soltamos, um comentário que diz “Isto é tão FBAUL!”.
Identificamos de forma clara uma linguagem gráfica nos objetos produzidos dentro da nossa faculdade. Talvez isto seja uma coisa nossa, alunos de Design de Comunicação, que somos treinados, ensinados ou influenciados a, de forma inconsciente, olhar para um cartaz e ver a forma antes do conteúdo, a olhar para uma publicação e ver a grelha invisível antes de ler o texto ou a tentar perceber qual o tipo de letra utilizado antes de descodificar o que com aqueles símbolos se escreve. Reconhecemos o valor, a força e a expressão gráfica do que nesta faculdade se faz e, como é natural, tomamos estes objetos como modelo.  Vimos aqui todos os dias para aprender a fazer estas coisas e deixamo-nos facilmente fascinar pela ideia de olharmos assim para o nosso próprio trabalho. Porque estas coisas são boas, são realmente boas e, no fim deste percurso, queremos ser bons o suficiente para fazer objetos assim.
Ainda que haja uma distinção entre os alunos que assumem esta linguagem e os que tentam evitá-la tanto como podem por não quererem deixar que a sua expressão própria seja engolida pela expressão desta instituição, todos nos deixamos alienar. Neste sentido, há muitas vezes uma verdadeira anulação da personalidade, ou da expressão individual de alguns de nós, que acabamos escravizados por qualquer coisa de que gostamos, a que reconhecemos valor e que temos por modelo. A verdade é que queremos aquilo para nós e por isso deixamo-nos levar, trocamos a possibilidade de apresentar o inesperado pela certeza de que o que apresentamos é bom, é forte, é aceite por todos, é compreendido e desejado.
Deixamo-nos alienar pela linguagem que é de todos e corremos o risco de ver trocado o nosso nome próprio por um nome colectivo. Perdemos a oportunidade de ter alguém a parar em frente ao nosso trabalho e dizer “Isto é tão Fernando!”, ou Carmo ou Daniela para ouvirmos um “Isto é tão FBAUL!”. Neste ponto, deixámo-nos afogar numa unicidade que não é nossa e que, na verdade, nunca será. Porque é de um grupo de pessoas que continua a crescer. Neste ponto, nós somos desse grupo de pessoas, eu sou de todos. Deixei de ser eu, para passar a ser todos.




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