A olhar para um cartaz que
anuncia um evento que no calendário se marca próximo ou, muitas vezes, ao parar
de frente para trabalhos de alunos do 3º ano do Curso de Design de Comunicação,
solto, ou soltamos, um comentário que diz “Isto é tão FBAUL!”.
Identificamos de forma clara
uma linguagem gráfica nos objetos produzidos dentro da nossa faculdade. Talvez
isto seja uma coisa nossa, alunos de Design de Comunicação, que somos
treinados, ensinados ou influenciados a, de forma inconsciente, olhar para um
cartaz e ver a forma antes do conteúdo, a olhar para uma publicação e ver a
grelha invisível antes de ler o texto ou a tentar perceber qual o tipo de letra
utilizado antes de descodificar o que com aqueles símbolos se escreve.
Reconhecemos o valor, a força e a expressão gráfica do que nesta faculdade se
faz e, como é natural, tomamos estes objetos como modelo. Vimos aqui todos os dias para aprender a
fazer estas coisas e deixamo-nos facilmente fascinar pela ideia de olharmos
assim para o nosso próprio trabalho. Porque estas coisas são boas, são
realmente boas e, no fim deste percurso, queremos ser bons o suficiente para
fazer objetos assim.
Ainda que haja uma distinção
entre os alunos que assumem esta linguagem e os que tentam evitá-la tanto como
podem por não quererem deixar que a sua expressão própria seja engolida pela
expressão desta instituição, todos nos deixamos alienar. Neste sentido, há
muitas vezes uma verdadeira anulação da personalidade, ou da expressão
individual de alguns de nós, que acabamos escravizados por qualquer coisa de
que gostamos, a que reconhecemos valor e que temos por modelo. A verdade é que
queremos aquilo para nós e por isso deixamo-nos levar, trocamos a possibilidade
de apresentar o inesperado pela certeza de que o que apresentamos é bom, é
forte, é aceite por todos, é compreendido e desejado.
Deixamo-nos alienar pela
linguagem que é de todos e corremos o risco de ver trocado o nosso nome próprio
por um nome colectivo. Perdemos a oportunidade de ter alguém a parar em frente
ao nosso trabalho e dizer “Isto é tão Fernando!”, ou Carmo ou Daniela para
ouvirmos um “Isto é tão FBAUL!”. Neste ponto, deixámo-nos afogar numa unicidade
que não é nossa e que, na verdade, nunca será. Porque é de um grupo de pessoas
que continua a crescer. Neste ponto, nós somos desse grupo de pessoas, eu sou
de todos. Deixei de ser eu, para passar a ser todos.
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