terça-feira, 27 de novembro de 2012

A Grande Arte e a Arte Vulgar


Todos nós temos o que Karl Marx chama de «falsa consciência». A nossa vida determina a nossa consciência. Ou seja, a nossa vivência e a «casca social» que nos rodeia, a ideologia, vai determinar a forma como vemos as coisas.
           
É aí, e na contradição entre arte e mercado, que reside a diferença entre a ‘grande’ arte e a arte ‘vulgar’.

Isto é, a arte é uma marca de expressão individual ligada à capacidade de se ser universal, de se ser transversal. O artista é aquele que consegue romper com essa tal ‘«casca cultural» que nos rodeia’.
            
Utilizando exemplos fáceis, podemos referir John Lennon ou Bob Dylan. É inegável o impacto que músicas como Working Class Hero, Imagine, Mr. Tambourine Man e Like a Rolling Stone ainda hoje têm, quer em Portugal, quer na China.
           
No mundo das artes visuais podemos considerar a pintura a óleo na Europa, entre 1500 e 1900. Durante esse período foram pintados, e disseminados, centenas de milhares de quadros. Todos esses quadros, embora de grande virtuosidade, não passavam de superficiais representações do que o dinheiro poderia comprar; isto porque, como em qualquer período da história, a arte servia os interesses das classes dominantes, e estas dependiam do novo poder capital.
           
Deste período, muitas das poucas obras que são hoje consideradas ‘grandes’, eram, na altura, vendidas de artista para artista (as obras de Adriaen Brower, por exemplo).
Adraen Brower, «Os fumadores»

Pode dizer-se que, quando vender a sua produção se torna, para o artista, mais importante do que o seu significado, ele ficará condicionado, será lhe impossível libertar-se das normas da tradição, será impossível de «se ver a si próprio como um pintor que nega a visão do pintor» (John Berger), será lhe impossível de ser universal, de ser transversal
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