terça-feira, 27 de novembro de 2012

Identidade Humana VS Sociedade de Consumo


...
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registadas,
todos os logótipos do mercado.
...

Carlos Drummond de Andrade (1984) O corpo. Rio de Janeiro: Record, p. 85-87.

           
Vivemos numa sociedade de consumo, onde somos permanentemente influenciados, seduzidos e controlados. Todos os dias somos bombardeados com anúncios a produtos sem utilidade/qualidade que, depois, como vítimas de sedução, adquirimos sem qualquer propósito. A sede se compras é impossível de travar, esta dependência que se cria, deixa-nos à mercê da escravatura publicitária que nos controla.
A manipulação exercida pelas grandes marcas é característica da sociedade desta consumo em que vivemos, o design apelativo, as cores fortes e os slogans que ficam na cabeça, fazem com que seja imperativamente necessária a compra desses produtos. Por conseguinte para além da publicidade na sua forma original (a que nos levou à compra do produto), surgem anúncios na forma de pessoas, cada peça de roupa, assessório, é uma mensagem, uma ligação visual que se estabelece com o espectador.

A verdade é que cada dia parece ser mais importante viver segundo o padrão que a mundo estabelece como “in”.“É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade, (...)”, é preferível viver noutra pele que não a nossa, a pele de alguém que vive segundo as regras e limites estipulados, alguém que tão cegamente se deixa seduzir por todo e qualquer anúncio, alguém que prefere viver a vida dos outros que a sua própria vida. “Seize the day!”, o tempo é um bem escasso, que é tanto mais apreciado quanto menor for o tempo que nos resta, assim devemos ser indiferentes a todas essas “regras” que a moda nos impõe, resistir à sedução publicitária, desligar-nos da televisão e dos meios de comunicação que assombram vinte e quatro horas por dia e sete dias por semana e sermos simplesmente nós, de identidade recuperada, sem medos e sem preconceitos.

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