A publicidade
tornou-se o meio mais eficaz para chegar à carteira dos consumidores. Encontramo-la
na televisão, na rádio, na Internet, nas paragens do autocarro e, em muitos
casos, no pára-brisas dos nossos carros. Somos constantemente “bombardeados”, e
em muitos casos sem darmos conta. Esta, é já parte constituinte do nosso dia a
dia, e faz-nos, constantemente, promessas de uma vida melhor, mais cómoda, “a
vida que sempre sonhámos” se adquirirmos o dito cujo produto.
Cativado pela
idealização de uma falsa realidade, o consumidor sente o impulso de ceder a
essa promissora tentação e a necessidade de ser igual aos iguais, de possuir o
que os outros possuem provoca no sujeito uma constante insatisfação e procura
de mais e melhor, pois surge sempre algo novo e promissor.
Numa atenta
passagem de canais televisivos, é de salientar a quantidade de anúncios que
apelam ao cuidado da imagem física, salientando a importância da mesma. São
criados esteriótipos de beleza, tanto no feminino como no masculino. Nos
anúncios, tanto um como o outro apresentam-se como “perfeitos”, donos de corpos
como que meticulosamente esculpidos e sem quaisquer sinais de imperfeições.
Perante a apresentação
do “perfeito”, se é que é mesmo o perfeito, o observador é levado a crer que é assim que se deve ser e
deseja colocar-se no lugar da personagem que se expõe perante os seus olhos.
É
então criado um esteriótipo de beleza, uma ideologia dominante, acordada pela
maioria da sociedade como a superior, salvo exceções, seguida mesmo por aqueles que dizem não
se importar com o aspeto físico.
Por conseguinte,
na tentativa de alcançar esta ideologia e encaixar na comunidade, muitas
pessoas optam por caminhos como a lipoaspiração, a ingestão dos famosos
comprimidos milagrosos que emagrecem 10 kg brutos numa semana ou os chás que
supostamente eliminam gorduras e os cremes anticelulíticos, entre tantos
outros, que claramente são promessas duvidosas, mas que, graças à manipulação publicitária, parecem maravilhosas aos olhos daqueles que desesperadamente
querem emagrecer. A ânsia de emagrecer é apenas uma das consequências desta ideologia imposta na nossa sociedade, que conjuntamente com o vício de ir às compras (não vão os compradores perder a mais fresquinha novidade da moda) e
as idas ao cabeleireiro e ao spa tornam o sujeito supérfulo.
As pessoas
abandonam a sua natureza e adotam uma outra que não lhes é natural, conduzidas
pelo medo da rejeição, do julgamento e do mau olhado. Jovens ou mulheres já adultas, por exemplo,
de cabelo rapado, com piercings à vista e roupas consideradas estranhas, são denominadas
de marginais, exteriores à comunidade, o que não é correcto, uma vez que estão
a ser alvo de um julgamente unicamente assente no seu aspecto físico. A sociedade passa a basear-se no exterior, torna-se oca, pondo imediatamente de parte quem não corresponde ao esteriótipo que se julga ser o mais acertado. As pessoas são tratadas como objetos e os objetos tomam-se pessoas.
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Elle Macpherson, modelo australiana apelidade de "O Corpo" |
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Desfile Dolce&Gabana |
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