domingo, 25 de novembro de 2012

A insaciável busca da “perfeição”

A publicidade tornou-se o meio mais eficaz para chegar à carteira dos consumidores. Encontramo-la na televisão, na rádio, na Internet, nas paragens do autocarro e, em muitos casos, no pára-brisas dos nossos carros. Somos constantemente “bombardeados”, e em muitos casos sem darmos conta. Esta, é já parte constituinte do nosso dia a dia, e faz-nos, constantemente, promessas de uma vida melhor, mais cómoda, “a vida que sempre sonhámos” se adquirirmos o dito cujo produto.

Cativado pela idealização de uma falsa realidade, o consumidor sente o impulso de ceder a essa promissora tentação e a necessidade de ser igual aos iguais, de possuir o que os outros possuem provoca no sujeito uma constante insatisfação e procura de mais e melhor, pois surge sempre algo novo e promissor.
Numa atenta passagem de canais televisivos, é de salientar a quantidade de anúncios que apelam ao cuidado da imagem física, salientando a importância da mesma. São criados esteriótipos de beleza, tanto no feminino como no masculino. Nos anúncios, tanto um como o outro apresentam-se como “perfeitos”, donos de corpos como que meticulosamente esculpidos e sem quaisquer sinais de imperfeições.
Perante a apresentação do “perfeito”, se é que é mesmo o perfeito, o observador é levado a crer que é assim que se deve ser e deseja colocar-se no lugar da personagem que se expõe perante os seus olhos.
É então criado um esteriótipo de beleza, uma ideologia dominante, acordada pela maioria da sociedade como a superior, salvo exceções, seguida mesmo por aqueles que dizem não se importar com o aspeto físico.
Por conseguinte, na tentativa de alcançar esta ideologia e encaixar na comunidade, muitas pessoas optam por caminhos como a lipoaspiração, a ingestão dos famosos comprimidos milagrosos que emagrecem 10 kg brutos numa semana ou os chás que supostamente eliminam gorduras e os cremes anticelulíticos, entre tantos outros, que claramente são promessas duvidosas, mas que, graças à manipulação publicitária, parecem maravilhosas aos olhos daqueles que desesperadamente querem emagrecer. A ânsia de emagrecer é apenas uma das consequências desta ideologia imposta na nossa sociedade, que conjuntamente com o vício de ir às compras (não vão os compradores perder a mais fresquinha novidade da moda) e as idas ao cabeleireiro e ao spa tornam o sujeito supérfulo.

As pessoas abandonam a sua natureza e adotam uma outra que não lhes é natural, conduzidas pelo medo da rejeição, do julgamento e do mau olhado. Jovens ou mulheres já adultas, por exemplo, de cabelo rapado, com piercings à vista e roupas consideradas estranhas, são denominadas de marginais, exteriores à comunidade, o que não é correcto, uma vez que estão a ser alvo de um julgamente unicamente assente no seu aspecto físico. A sociedade passa a basear-se no exterior, torna-se oca, pondo imediatamente de parte quem não corresponde ao esteriótipo que se julga ser o mais acertado. As pessoas são tratadas como objetos e os objetos tomam-se pessoas.


Elle Macpherson, modelo australiana apelidade de "O Corpo"


Desfile Dolce&Gabana

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