terça-feira, 27 de novembro de 2012

"It only matters if you look beautiful"

       
Numa ida ao cabeleireiro, uma conhecida observava distraidamente o canal de cabo TLC quando viu com indignação um programa em que apareciam meninas de tenra idade altamente produzidas, que participavam em concursos de beleza.
O programa em questão trata-se de um reality show do canal TLC, "Toddlers & Tiaras” (traduzido, “Crianças e Tiaras”), que segue famílias de concorrentes em concursos de beleza infantis. E o que acontece nestes concursos? Nestes concursos meninas passam por mil tratamentos de beleza como próteses de dentes, solário, pestanas falsas, quilos de maquilhagem, para não falar das roupas (por vezes em biquíni), para serem expostas e avaliadas por um júri. Tudo isto contribui para uma sexualização das crianças, assim tratadas com entusiasmo pelas próprias mães e pais. Estes põem e dispõem das suas filhas como bonecas, com o único objectivo de parecerem “bonitas”, objectificando-as. Este ideal de beleza nada tem de belo, pois às crianças é-lhes imposto uma maneira de vestir e produzir-se ridícula, doentia e perigosa. Perigosa por as expor a todo o tipo de público, nomeadamente pedófilos e também perigosa pela pressão psicológica e física que estas meninas sofrem para terem um espírito de competição selvagem e um look perfeito, fazendo de tudo para vencer.


Esta é a sociedade em que os pais dispõem dos seus filhos como reflexos do que desejariam ser. Esta é a sociedade onde meninas são incitadas a vestirem-se e maquilharem-se de uma maneira sexualmente provocante desde os 6 anos, porque só assim é que são bonitas. Esta é a sociedade em que mais do que uma mãe admite administrar injecções de botox à sua própria filha de 8 anos, porque esta “tem rugas de expressão”.
O papel dos pais é proteger as suas crianças, e não expô-las. Ao começarem tão cedo a produzir-se, estas meninas nunca terão a noção da sua verdadeira beleza natural, e a imitá-las estarão outras centenas de meninas que ao verem estas como modelos, pensarão que aquele estereótipo é verdadeira “beleza”.  
E assim prevalece a objectificação da mulher e a mentalidade do “sofrer para ser bela” através das crianças, ou melhor, dos seus pais.



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