“Solaris” é um misterioso planeta estudado
por uma estação espacial – Solarística - que aceitou a missão de investigar a
possível existência de vida extraterrestre, dada a atmosfera enigmática do seu
vasto oceano, cujos efeitos começam a afetar os investigadores. Para averiguar
os acontecimentos é integrado na equipa o psicólogo Kris Kelvin, encontrando os
membros da estação “alucinados”. Alienados de si mesmos, recebem “visitas” de
seres estranhos, que correspondem a alucinações dos seus fantasmas interiores,
espectros deles próprios. O estranhamento de si mesmo é de tal forma evidente,
que Kelvin envolve-se com a imagem virtualizada da sua esposa, que já morrera. Deste
modo, “Solaris” é um planeta em que o “eu”, associado aos medos, receios,
traumas passados e desejos, é materializado, confrontando o ser humano com
os seus limites, com o seu próprio reflexo. Todavia, por vezes, a sociedade prefere continuar distraída, "acelerada", sem ser confrontada consigo mesma.
Desta forma “Solaris” é um espelho
da crise, não só do capital, como de toda a estrutura ideológica que distrai
uma sociedade demasiado “apressada” para parar, estar, criar laços afetivos e
sociais e conhecer – o outro e nós mesmos. Citando Saint-Exupéry “os homens não
têm tempo de conhecer coisa alguma”. E “Solaris”, um planeta vivo, é um alerta
à sociedade, é um “espelho que inquieta uma civilização incapaz de se
auto-refletir” (Giovanni Alves). As visitas surgem como estranhas, quando, na
verdade, são parte de nós.
É o momento do ser humano conhecer-se, ver o seu
reflexo, a sua identidade, tomar consciência dos seus sentimentos, pensamentos,
desejos e sonhos. Um filme que nos faz “parar” e partir à descoberta de nós
próprios.
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