segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Nautilus



            “A <Déesse> tem todas as características (...) de um destes objectos vindos de um outro universo, que alimentaram a neomania do séc. XVIII e a da nossa ficção científica: a <Déesse> é antes de mais um novo Nautilus”
                                                                                      em "O Novo Citroen" por Roland Barthes


            O livro “Vinte Mil Léguas Submarinas” de Júlio Verne é uma obra de ficção científica fundamentada na rica e vasta imaginação do autor. É importante referir que este livro foi escrito em meados do século XIX, com a sua primeira edição em 1870, tendo sido nesta época uma obra bastante marcante.
            É nesta obra que o autor cria o Nautilus, um submarino, inovador,  completamente movido a eletricidade. Tanto o capitão e a sua tripulação cortaram relações com o exterior, com a humanidade. Vivem somente do que a mar lhes dá: comida e matéria prima que necessitam para a produção de eletricidade.
            É através deste livro que idealizamos uma longa viagem aquática por todos os oceanos e para muitas crianças este livro proporciona-lhes a descoberta daquilo a que se chama ficção científica.
            Posso assim afirmar que este livro atingiu o seu auge em meados do séculos XIX pelo poder de idealizar um transporte nunca antes visto. Utilizando agora as palavras do autor, Roland Barthes, no texto O Novo Citroen, que descreve o automóvel como “uma criação que fez época (...) por um povo inteiro, que através dela se apropia de um objecto perfeitamente mágico” penso que se adequa-se perfeitamente a este livro.
            “O Novo Citroen cai manifestamente do céu” na medida em que revolucionou todos os outros modelos de carros através do seu design e dos seus acabamentos: “sabe-se que o liso é sempre um atributo de perfeição”; este carro, D.S., pode ser perfeitamente comparado com o Nautilus ao nível de serem marcantes para as suas épocas. A inovação do Nautilus era ser completamente independente e inovador, enquanto o Citroen era sem costuras, metal sem articulações, os encaixes dos seus planos são bastante interessantes, “a <Déesse> é visivelmente, uma exaltação do vidro e a chapa não é mais do que uma base. Aqui os vidros não são janelas, aberturas perfuradas na carroceria obscura”.
            Com o Déesse o mundo imaginário tornou-se real e o Nautilus é imaginado por cada leitor no seu próprio mundo idealizado.

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