“A
<Déesse> tem todas as características (...) de um destes objectos vindos
de um outro universo, que alimentaram a neomania do séc. XVIII e a da nossa ficção
científica: a <Déesse> é antes de mais um novo Nautilus”
em "O Novo Citroen" por Roland Barthes
em "O Novo Citroen" por Roland Barthes
O livro
“Vinte Mil Léguas Submarinas” de Júlio Verne é uma obra de ficção científica
fundamentada na rica e vasta imaginação do autor. É importante referir que este
livro foi escrito em meados do século XIX, com a sua primeira edição em 1870,
tendo sido nesta época uma obra bastante marcante.
É nesta
obra que o autor cria o Nautilus, um submarino, inovador, completamente movido a eletricidade. Tanto o
capitão e a sua tripulação cortaram relações com o exterior, com a humanidade.
Vivem somente do que a mar lhes dá: comida e matéria prima que necessitam para
a produção de eletricidade.
É através
deste livro que idealizamos uma longa viagem aquática por todos os oceanos e
para muitas crianças este livro proporciona-lhes a descoberta daquilo a que se
chama ficção científica.
Posso assim
afirmar que este livro atingiu o seu auge em meados do séculos XIX pelo poder
de idealizar um transporte nunca antes visto. Utilizando agora as palavras do
autor, Roland Barthes, no texto O Novo
Citroen, que descreve o automóvel como “uma criação que fez época (...) por
um povo inteiro, que através dela se apropia de um objecto perfeitamente
mágico” penso que se adequa-se perfeitamente a este livro.
“O Novo
Citroen cai manifestamente do céu” na medida em que revolucionou todos os outros
modelos de carros através do seu design e dos seus acabamentos: “sabe-se que o
liso é sempre um atributo de perfeição”; este carro, D.S., pode ser
perfeitamente comparado com o Nautilus ao nível de serem marcantes para as suas
épocas. A inovação do Nautilus era ser completamente independente e inovador,
enquanto o Citroen era sem costuras, metal sem articulações, os encaixes dos
seus planos são bastante interessantes, “a <Déesse> é visivelmente, uma
exaltação do vidro e a chapa não é mais do que uma base. Aqui os vidros não são
janelas, aberturas perfuradas na carroceria obscura”.
Com o
Déesse o mundo imaginário tornou-se real e o Nautilus é imaginado por cada
leitor no seu próprio mundo idealizado.
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