Referência ao post anterior de“olhares diferentes”.
Sabemos
bem, que desde as primeiras civilizações humanas devolveram-se os
papéis sociais e tradicionais dos dois sexos; do homem com o
estereótipo de ser forte e protetor, e da mulher, o sexo fraco e
inválido.
Como
já o Sr. Freud dizia; a legislação e a tradição deram através
dos séculos às mulheres os direitos privilégios, mas a situação
da mulher em si não mudou do que é na realidade é...
E
nessa realidade aparecem as mulheres como o gênero passivo, enquanto
os homens são ativos.
Uma
explicação dessa tese encontra em
diferentes obras de arte, da Idade-Média até nos dias de hoje...
Precisa só de pensar em 30 obras da importância e conta, quantas
vezes existe uma representação do sexo feminino.
Em
vez de estar em frente da tela ativa,
vemos mulheres em todo o lado atras
da tela, portanto numa posição passiva.
Existem
vários exemplos de grandes obras artísticas feitos por mulheres,
por exemplo no renascimento (entre outras Artemisia Gentileschi),
infelizmente muitas vezes pouco conhecidas.
Esse
olhar, que já parece em ser uma forma voyeurística,
reproduz o significante da imagem a uma definição puramente sexual.
(1.)
Nos
anos 80 e 90, houve um grupo de ativistas
feministas determinado em apontar esta desigualdade de gênero em
artes; os Guerilla girls. Outras artistas femininas (como entre outras a Judy Chicago ou Elke Krystufek) seguiram e focaram nos seus trabalhos apenas na temática de papeis de genêro. (2.)
Hoje
em dia só é preciso pensar num dos
melhores exemplos de uma representação “passiva” de mulheres...
Uma coisa que se chama facebook.
Somos
sem dúvida uma sociedade muito relacionada
com a nossa aparência física e à representação do corpo.
“São
as mulheres que ditam estas "obrigações" a si mesmas. São
as mulheres que mudam o seu olhar para um olhar masculino.” -
Concordo totalmente com a citação. E
apropriado a isso tenho um exemplo simples de uma experiencia de uma
amiga minha, que aparecia nas ruas no verão durante duas semanas com
as pernas não depiladas. Os olhares esquisitos que acompanhavam-na,
eram só das mulheres.
Queria
acabar com mais uma citação do Berger.
“To
be born a woman has to be born, within an allotted and confined
space, into the keeping of men. The social presence of women is
developed as a result of their ingenuity in living under such
tutelage within such a limited space. But this has been at the cost
of a woman's self being split into two. A woman must continually
watch herself. She is almost continually accompanied by her own image
of herself. Whilst she is walking across a room or whilst she is
weeping at the death of her father, she can scarcely avoid envisaging
herself walking or weeping. From earliest childhood she has been
taught and persuaded to survey herself continually. And so she comes
to consider the surveyor and the surveyed within her as the two
constituent yet always distinct elements of her identity as a woman.
She has to survey everything she is and everything she does because
how she appears to men, is of crucial importance for what is normally
thought of as the success of her life. Her own sense of being in
herself is supplanted by a sense of being appreciated as herself by
another....One might simplify this by saying: men act and women
appear. Men look at women. Women watch themselves being looked at.
This determines not only most relations between men and women but
also the relation of women to themselves. The surveyor of woman in
herself is male: the surveyed female. Thus she turns herself into an
object -- and most particularly an object of vision: a sight.”
1.)
Jean
Auguste Dominique Ingres, “Le
Bain Turc”; Louvre, Paris
2.) Sarah
Charlesworth, “Figures” - de objectos com desejos sexuais; Brooklyn Museum, NY
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