terça-feira, 27 de novembro de 2012

Victoria’s Secret


Sejam homens ou mulheres, ninguém consegue ficar indiferente a este nome… Mas afinal do que se trata a Victoria’s Secret? Nada mais, nada menos do que a maior marca de Lingerie dos Estados Unidos da América e a mais conhecida do mundo inteiro.

O que é uma marca? As marcas começaram há milhares de anos, entre criadores de Gado, onde surgiu a necessidade de marcarem os seus animais de modo a que estes não fossem confundidos nem roubados pelos vizinhos.

Hoje em dia, para além da função directa de identificação do produto e garantia de qualidade, o que as marcas realmente procuram é tornar o valor de uso de um determinado produto ou serviço num valor de troca muito mais elevado. A marca garante que ao comprar aquele produto, as pessoas passam a integrar um mundo idealista (de falsa consciência) de acordo com os sonhos de cada determinado grupo (target). Chamemos a isto o valor acrescentado de uma marca.

O que é a Lingerie? Ao longo dos anos, os seres humanos foram-se tornando seres envergonhados criando roupas para tapar os seus próprios corpos. As tecnologias foram evoluindo e com elas a ideologia, ao ponto em que nos tornamos verdadeiras cebolas de tanta roupa que vestimos. É debaixo de todas estas camadas que encontramos a roupa interior. Com o tempo, parece que estas camadas se foram perdendo, especialmente nos países de sol, e o que em tempos tinha a função útil de nos proteger, hoje usamo-la para atrair (ambas atitudes ideológicas). Em Francês, a palavra refere-se a toda a roupa interior de homem ou de mulher. Para o resto do mundo ficou este nome para referenciar roupa interior visualmente atractiva e erótica.

No mundo em que vivemos, onde as mulheres são feitas debaixo de um olhar masculino, a marca Victoria´s Secret soube aproveitar esta motivação de tal maneira que aquilo que num mundo realista seriam “trapos” de 30cm²com o propósito de tapar aquilo a que se consideram zonas “intimas”, sejam hoje verdadeiras maquinas de fazer dinheiro.

Como? The Victoria’s Secret Fashion Show. Um espectáculo anual, onde desfilam as maiores super modelos de cada ano, vestidas (ou despidas) com criações da marca, divertidas, debaixo de confettis e purpurinas, ao som de grandes estrelas de pop! Assistido por um entourage de músicos, modelos, actores e outros milionários/as, criou-se ali um núcleo idealista, em que o comum dos homens quer ser o namorado sentado na plateia a aplaudir a sua super modelo, e o comum das mulheres quer ser aquela mulher que desfila venerada por todos os homens que a vêem. “Your wish is my command!” disse a marca. Hoje basta entrar numa das várias lojas Victoria’s Secret, e à distância de um cartão de crédito, qualquer um pode pertencer a este mundo. Os homens podem levar para casa uma Victoria’s girl, e as mulheres ao vestirem esta lingerie, sentem-se umas verdadeiras super modelos! Que sorte…

Será que a realização deste sonho cultural/social, como o de tantos outros equivalentes nos tornam pessoas verdadeiramente felizes e realizadas naqueles instantes em que pertencemos a este tal mundo de luxúria, atracção, sensualidade e sedução? Isso já é outra questão.

A Victoria’s Secret é mais uma prova de que hoje em dia, o valor dos objectos se tornou mais elevado do que o valor da própria vida humana. Será provavelmente mais importante para um homem que a sua mulher se assemelhe fisicamente a uma Victoria’s Angel, e que transporte aquilo a que consideramos o valor acrescentado da marca (coisa), do que o valor das suas características intrínsecas enquanto Ser que fazem com que ela seja única no mundo.


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