domingo, 16 de dezembro de 2012

A máquina de fazer espanhóis.



Á uns tempos conclui a minha leitura do livro – A máquina de fazer espanhóis. - De Valter Hugo Mãe. Procederei assim a um breve resumo:

Com um sentido de humor entusiasmante e uma escrita sem maiúsculas, Valter Hugo Mãe retracta o comportamento de um grupo de idosos no lar “Feliz Idade”, completamente desprezados pelas suas famílias - “ a laura morreu, pegaram em mim e puseram-me no lar com dois sacos de roupa e um álbum de fotografias” – e despejados para um qualquer lugar onde - “a brancura é um estágio para a desintegração final” e as instalações não são as melhores - “ o quarto pequeno é todo ele uma cela, a janela não abre”; “ os quartos da ala esquerda deitam sobre o cemitério, mas são ocupados pelos nossos utentes que infelizmente já não se podem levantar” - num ambiente marcado pela tristeza - “a enfermeira perguntou: O que sente? E António respondeu: angústia, sinto angústia.” - Mas com uma mensagem de esperança para todos nós.


Posto isto, torna-se inevitável não pensarmos em todas as aulas de Cultura Visual e, mais inevitável ainda a formulação de algumas questões pertinentes:



Quando pensamos na palavra "velho" o que nos passa pela cabeça? Debilidade ou Sabedoria? Fragilidade ou Conhecimento?

Se quando nascemos todos temos valor próprio, quem o determina? E em função de quê? Se para os neoclássicos o que dava valor ao produto era a sua utilidade, e para Marx era o seu trabalho, como somos “avaliados”? Somos considerados mercadoria? Será que os "velhos" têm menos valor do que os "jovens"? Sim? Porquê? Não possuem muito mais cultura, experiência e vivências?

O que teremos de cumprir para sermos considerados “importantes”? Depende de uma licenciatura? De classes sociais? De conjunturas económicas? De idades? De sexos?

E porque é que tantas vezes as rugas são conotadas com um sentido negativo por marcas de cosmética? O que têm elas de errado? Não são sinónimos de trabalho, de vida? Será apenas mais um fenómeno de manipulação de massas? Um esquema de angariação de dinheiro, levado a par mais uma vez pela publicidade duvidosa e pelo marketing abrasivo?

São apenas perguntas á espera de respostas, numa sociedade á espera de justiça.

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