Com um sentido de humor entusiasmante e uma escrita sem
maiúsculas, Valter Hugo Mãe retracta o comportamento de um grupo de idosos no
lar “Feliz Idade”, completamente desprezados pelas suas famílias - “ a laura
morreu, pegaram em mim e puseram-me no lar com dois sacos de roupa e um álbum
de fotografias” – e despejados para um qualquer lugar onde - “a brancura é um
estágio para a desintegração final” e as instalações não são as melhores - “ o
quarto pequeno é todo ele uma cela, a janela não abre”; “ os quartos da ala
esquerda deitam sobre o cemitério, mas são ocupados pelos nossos utentes que
infelizmente já não se podem levantar” - num ambiente marcado pela tristeza - “a
enfermeira perguntou: O que sente? E António respondeu: angústia, sinto
angústia.” - Mas com uma mensagem de esperança para todos nós.
Quando pensamos na palavra "velho" o que nos
passa pela cabeça? Debilidade ou Sabedoria? Fragilidade ou Conhecimento?
Se quando nascemos todos temos valor próprio, quem o
determina? E em função de quê? Se para os neoclássicos o que dava valor ao
produto era a sua utilidade, e para Marx era o seu trabalho, como somos
“avaliados”? Somos considerados mercadoria? Será que os "velhos" têm
menos valor do que os "jovens"? Sim? Porquê? Não possuem muito mais
cultura, experiência e vivências?
O que teremos de cumprir para sermos considerados
“importantes”? Depende de uma licenciatura? De classes sociais? De conjunturas
económicas? De idades? De sexos?
E porque é que tantas vezes as rugas são conotadas com um
sentido negativo por marcas de cosmética? O que têm elas de errado? Não são
sinónimos de trabalho, de vida? Será apenas mais um fenómeno de manipulação de
massas? Um esquema de angariação de dinheiro, levado a par mais uma vez pela
publicidade duvidosa e pelo marketing abrasivo?
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