terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Alienação do homem da natureza:

Passo inevitável na evolução



Em aula temos abordado a questão da alienação do homem face à natureza, assim como explicado por Marx.

Observámos que a diferença crucial entre os homens e os animais é o uso do signo, como Saussure nos mostra, a capacidade de participar em dois mundos diferentes (o mundo das coisas e o mundo das ideias), a partir da qual se desenvolve a complexidade do mundo social e político. Poderemos comparar a primeira utilização do signo (se é que foi um caso isolado) à expulsão de Adão e Eva do paraíso, representando a "primeira alienação": separação do homem da natureza. Já vimos que os dois castigos que são aplicados são o sofrimento e o trabalho. Vimos também que esta separação implica uma diferença substancial entre o homem e o animal: a capacidade de ser bom ou mau (personalidade, que é adquirida pela significação, associada a valores de oposição, também resultado da significação).

O que se passa aqui é que temos vindo a abordar a questão da primeira alienação como algo de negativo, damos muito ênfase aos "castigos", vemos o sofrimento humano como uma condição que talvez não devessemos ter alcançado, a expulsão do paraíso como fim da felicidade. A questão é que antes da expulsão não tínhamos consciência humana, é verdade que não éramos infelizes, mas não éramos capazes sequer de ser felizes. Éramos bichos neutros como são os animais. Essa alienação trouxe-nos um universo de sensações, experiências, capacidades, de tudo. Diria que o sofrimento é apenas a contrapartida de fazermos parte desse universo.

Imaginemos um espectro, uma faixa gráfica, coloquemos nas suas extremidades o bem e o mal. O animal está no meio, naquele ponto, incapaz de experienciar o resto do espectro, aquele ponto é o que o universo animal conhece. Por oposição, o ser humano ao alienar-se da natureza, processo que defenderia mesmo como natural, torna-se capaz de viajar à sua vontade dentro do espectro, de uma ponta à outra. O mundo é uma evolução constante, era uma questão de tempo até que o homem se separasse da natureza, se não o tivesse feito não teria havido evolução, o que seria impossível.

Não vejo razão para nos agarrarmos ao lado negativo da vida, porque é o que é: apenas um lado.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.