segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Criança na guerra, como peixe na agua






"Segundo dados estimativos das ONU, existem mais de 100.000 crianças que actuam como soldados, sobretudo em Uganda, Libéria, República Democrática do Congo e Sudão"


No mundo, milhões de crianças lutam em guerras e conflitos armados. Muitas delas encontram-se espalhadas pela América Latina, África, Ásia e Europa, no entanto, a maioria delas combatem no continente africano.
Muitos desses jovens são recrutados à força, outros deles alistam-se voluntariamente, devido ao peso que a sua família e comunidade têm nessa decisão, ou simplesmente porque não têm alternativa. Muitos órfãos de pais  vitimas de guerra, transportam com eles uma sede de vingança em relação aqueles que consideram responsáveis pela situação de fome e pobreza em que se encontram.
A escolha das crianças, tem a ver com a maleabilidade ideológica que estas proporcionam, pela forma como não só facilmente lhes é imposto um ideal como pela própria ideologia que desde cedo estes jovens adquirem, crescendo elas num ambiente de revolta em relação à situação em que se encontram. 
A sede de vingança, e afirmação perante o grupo é desde cedo imposta ou aumentada nestas crianças, muitas vezes através do uso de drogas e álcool, manipulando-as de forma a que ajam como máquinas, pondo de parte os seus sentimentos, conotados muitas vezes como "fraqueza" pela comunidade. Muitas destas crianças, como forma de se afirmarem perante o grupo são influenciadas até a matar outras crianças, que por algum momento demonstrem medo ou quebra.
Através de todo este processo, as crianças soldado acabam por sofrer um processo de sistematização do acto de matar, do acto de seguir em frente, sem medo e sempre fieis ás ordens recebidas, para elas matar não é errado nem certo, mas simplesmente a sua função, estas crianças acabam por se tratar a si próprias como um objecto, quase como a própria espingarda que se limita a disparar, sem saber porquê ou realmente contra quem.
Todas estas crianças, acabam por ser vitimas de uma ideologia, para elas, a guerra, a violência, o terror, o sangue, a morte, a manipulação, a violação de direitos e tudo aquilo que a nós nos parece óbvio ser errado, para elas acaba por ser como "a agua para os peixes", elas estão inseridas num cenário de guerra mais que violento, no entanto, na sua cabeça nada faz mais sentido que isso, porque foi com isso que cresceram, e essa é a missão que lhes compete terminar.
Acabo então por concluir que muitas vezes somos nos as crianças-soldado, nós que todos os dias travamos uma guerra sem nos apercebermos disso, e que desde muitos jovens, temos vindo a ser manipulados para obedecer a ordens e cumprir missões, não que sejam missões impostas pelo chefe da nossa guerrilha, mas pela própria sociedade em que vivemos. 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.