quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O Fetichismo do Iphone




Segundo o texto “O carácter de feitiço da mercadoria e o seu segredo” do livro O Capital: Crítica da Economia Política, Karl Marx utiliza a ideia de fetiche (feitiço) da mercadoria para referir-se ao conceito económico e ideológico da mercadoria que assume na sociedade capitalista.

Para uma melhor compreensão do seu significado, decidi consultar o Dicionário da Língua Portuguesa: “objecto a que se presta culto por se lhe atribuir poder mágico ou sobrenatural”, ou seja, esse poder mágico e/ou sobrenatural consiste no poder que os produtos exercem sobre o consumidor.
Para Karl Marx, estes produtos que se tornam como mágicos conseguiram ultrapassar a lei natural do seu valor de uso. Enquanto valor de uso não há nada de misterioso, pois apenas satisfaz necessidades humanas. O trabalho humano transforma as propriedades do produto, convertendo-o numa coisa sensível com carácter místico que se afasta do conceito do seu valor uso.

Nos dias de hoje, em que tudo gira à volta da Publicidade e do Marketing qualquer consumidor  tem um telemóvel, para fazer chamadas e para mandar mensagens, mas muitos não pretendem apenas um telemóvel, mas sim um “topo de gama”, como por exemplo um Iphone. Isto acontece, devido  à grande publicidade do Iphone, que aparece constantemente na televisão, nas revistas e na internet, e também devido ao grande sucesso da marca e do grande profissionalismo do seu fundador, Steve Jobs. Assim o consumidor vê este produto como um meio de satisfação dos seus desejos, de ascensão social, de estar na moda, para assim, poder parecer bem aos olhos dos outros.
O produto adquire a forma  de uma relação social.
O consumidor ao adquirir o telemóvel Iphone pretende marcar a diferença, é um status social que só é acessível a alguns, um meio de satisfação dos seus desejos que estão reflectidos na sociedade através do significado deste telemóvel topo de gama.

Este fetichismo não é só aplicado a um ou a dois, mas a todos os consumidores que são injetados e influenciados por estes anúncios, sendo a publicidade a grande responsável por esta “magia”, na sociedade dos dias de hoje. É por isso que este fetiche que o Iphone provoca através da publicidade, transforma-se numa necessidade, quase obrigatória. Na maioria das vezes, em que isto acontece, o objecto torna-se numa primeira necessidade, o que nem sempre é verdade, o consumidor precisa de um telemóvel, mas não necessariamente de um topo de gama.
Isto significa que o valores foram subvertidos. O  valor de uso torna-se opcional e até dispensável e o valor ilusório e fantasmagórico que o produto promete torna-se fundamental para o homem de uma sociedade.

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