quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Onde? Na avenida claro!





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"A produção de ideias, de representações e da consciência está em primeiro lugar directa e intimamente ligada à actividade material e ao comércio material dos homens; é a linguagem da vida real. As representações, o pensamento, o comércio intelectual dos homens surge aqui como emanação directa do seu comportamento material." Karl Marx e Friedrich Engels - a ideologia Alemã, vol. I. Lisboa: Presença. 

Fashion Clinic Homem, Tod's, Lowe, David Rosas, Gilles, Dara, Louis Vuitton, Prada, Fly London são alguns dos vastos exemplos de lojas que se encontram na bela e famosa Avenida da Liberdade. 
Bela e famosa para todos mas apenas acessível para alguns. Toda a actividade "material e o comércio" hierarquizam-se segundo públicos alvo e é consoante as suas necessidades e disponibilidade económica que os produtos são produzidos.

A verdade é que as lojas se mantêm abertas e por sinal, muito bem! O comércio de alto luxo não para por muito que os supermercados estejam a despedir pessoas, pela diminuição do consumo, por muito que a crise aumenta a uma velocidade alucinante, e que em todo o lado se vejam lojas a fechar. Por muito que hajam cada vez mais famílias a necessitar de apoio, encontramos sempre uma forte solidez numa outra classe/ grupo social.

As pessoas não se julgam pela sua aparência, mas a verdade é que basta a aparência para se conseguir perceber estatutos!
E a roupa e acessórios são o principal factor para que isso aconteça.
Ao olharmos uma pessoa quase que conseguimos identificar a sua vida, um pouco generalista, claro, mas é verdade. E assim acontece na Avenida, brilhantes lojas, brilhantes produtos e poucos compradores, mas os melhores. 
A Avenida da Liberdade está na moda, é chique. 

Segundo o texto de Adorno e Hotkheimer, num contexto de uma industria cultural, a segmentação de consumidores é uma coisa cultural, por muito que o consumidor queira fugir a isso acaba sempre por "seguir a moda".

Seguem um estereótipo - imitação como hobbie absoluto - segmentado para um padrão de pessoas - cada grupo enverga um um determinado tipo, e esse grupo é igual a si mesmo, dentro dele as pessoas imitam-se, utilizam as mesmas coisas. Numa mesma categoria tudo vai dar a uma mesma coisa!
Valor de uso dá lugar ao valor de troca, conquistando prestigio. 
Mesmo que se queira sair deste "processo" não é possível,  por uma questão cultural. É uma verdadeira pescadinha de rabo na boca! 

Segundo tudo isto a Avenida de Liberdade é um local de estatutos, quem a frequenta, frequenta por uma questão de estatuto e não porque realmente gosta do que está a comprar. Compra por ser caro e não por ser interessante. As pessoas estão como que formatadas para apenas irem a determinadas lojas que se encaixam na sua categoria. 
Existe uma falsa liberdade de escolha, uma falsa identidade. 
A Avenida da Liberdade é um local onde, quem tem posses, vai às compras! 


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