quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Caravaggio e o dilema religião vs. paganismo

 A discussão do ser ou não ser pintura religiosa, quando toca a Caravaggio a resposta quase automática é, Sim.
 Mas ao entrar nos universos, tanto católico como caravaggista a questão parece aprofundar-se mais e mais.
 Reflectindo primariamente no universo religioso e recuando aos seus primórdios, todos os icons/ídolos pagãos deveriam ser derrubados, tendo apenas a religião uma base espiritual e não física.
 Mas entrando nesta mesma temática, criar toda uma corrente artística que envolve a icnografia cristã, como forma de glorificar e oprimir os espectadores/crentes, deita por terra uma das bases do catolicismo que seria a inexistência de ídolos.
 Quando entramos no ponto de vista de Caravaggio, e avaliando a vida e polémica que rodeiam a vida deste artista envolto em mistério, deparamo-nos com uma série de factores que nos fazem questionar a real intenção puritana e de glorificação do divino.
 Como factor principal, a historia de vida do artista esta envolta em polémica, e a discórdia reina. Desde a vida desgarrada, aos boatos de homicídios a figura de Caravaggio está envolta numa sombra, que em muito ajuda à questão que até aqui nos trás:
 Pode Caravaggio realmente ser considerado um pintor de cariz religioso?
 Unindo a ideia de que nos primórdios católicos os ídolos deveriam ser derrubados e que ao longo dos séculos é a própria igreja que aborda a arte como um meio de difundir a sua mensagem, e que Caravaggio como reinventar da pintura clássica, utilizando pela primeira vez modelos reais e não a ideia de criação pura, o artista viu-se ligado aos mais estranhos rumores desde utilizar cadáveres para modelos nas suas telas como no caso de ''a morte da virgem'' e a utilização até de prostitutas como em ''madonna del pellegrini''. Estes aspectos mais toda a penumbra que envolve toda a sua vida fazem-nos questionar o valor divino e elevado do seu trabalho para lá da técnica e mestria.
 Concluindo, a pintura, tendo a caravaggista como principal, neste caso, e a religião e todas as suas bases, encontramos um paradoxo tremendo entre: paganismo e intelecto espiritual. Fazendo-nos interrogar a real validade da arte como um veiculo de evangelização. Pois até que ponto não passa esta suposta pintura religiosa de simples pinturas pagãs, mascaradas de subterfúgios, causando isto através da mestria do artista,tentando assim divinizar tais icons e ídolos.              

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